Ola Dyefferson.
Então quer dizer que esta rapidez toda são as férias que proporcionam. Que bom, mas que pena. Tomara que você não suma e sempre encontre um tempinho pra gravar algo pro LV.
Esta Seção 14 é eivada de questões da velha orthographia. Boa pra derribar gente que nasceu em qualquer tempo da segunda metade do século passado, ou seja, quem aprendeu a ler e escrever depois da primeira (ou segunda, sei lá) grande reforma da escrita portuguesa. Pra quem nasceu neste século e tudo o que consegue ler precisa ter menos de 130 "toques", aí a coisa fica muito, muito feia
Mas vamos lá ao relatório PL:
3:30 – acentuação de palavra – mister – a silaba forte é o
“ter”
Escrito: “É
mister um rodeio para lá chegar”
Lido: “É
mister um rodeio para lá chegar”.
7:53 – palavra trocada – scisma
Escrito: “
Scisma o caboclo à porta da cabana”
Lido :
Sceisma o caboclo à porta da cabana”
8:51 – acentuação de palavra – detém – sílaba forte é o
“tem”
Escrito: “Como não o
detem nenhum aceiro”
Lido: “Como não o
detem nenhum aceiro”
11:54 – pronúncia de palavra – ignaro. O “g” se pronuncia, como em ígneo, ignorar, ignoto, ignóbil.
Escrito: “e outros sons ignaros de dolorosa memória...”
Lido: “e outros sons
inaros de dolorosa memória...”
12:17 – acentuação de palavra – mister – como explicado acima, a sílaba forte é “ter”
Escrito: “É mister, é urgente tiral-a dahi...”
Lido: “É mister,é urgente tiral-a dahi...”
13:05 – troca de expressões – de papelula memória, de caranguejolas que ...
Escrito: “de papelula memória, caranguejolas que só funcionam nos relatórios e nas folhas do Thesouro.
Aqui creio que a questão é mais de como falar, como expressar o que diz o texto. Inclusive com a palavra “papelula”, (creio que criada por Lobato, pois não achei em lugar algum). no sentido de “com muito papel”, “caranguejolas que só funcionam nos relatórios e nas folhas do Thesouro.”
13:11 – falta a expressão “O Estado...”. Uma expressão dita no sentido de “O Estado, este não faz nada”
13:31 – Fim da Seção
12? Favor corrigir para “Fim da Seção
14”, como você disse no início.
O "relatório" para por aqui e, voltemos à vaca fria, ou seja, as palavras usadas no século XIX ou início do XX.
A principal questão é que o vocabulário das pessoas reduziu muito de lá pra cá. Então palavras "comuns" passam a ser "raras". Mas quem leu e lê muito, ou lê em várias línguas, acaba se encontrando com estas palavras uma hora ou outra e elas se tornam "comuns", mais fáceis de identificar e entender.
Uma solução é ter um (ou vários) bom dicionário. Se você conseguir comprar em algum sebo um dicionário de meados do século passado, ajuda muito, muito. Eu tenho um velho Aurélio. A 14ª impressão da primeira edição, que é a "salvação da lavoura". Tenho um outro (na verdade uma enciclopédia), em português de Portugal, editado na primeira metade do século passado, todo no que eles chamam de "orthographia antiga", coisa que também é "mão na roda".
E tem ainda o que Leni já abordou: "Em geral as regras de tonicidade não mudaram, então em geral eu olho a palavra no dicionário hoje (adaptando quando tem muita mudança de pronúncia, tipo PH ou NN ou coisas assim), e o dicionário atual em geral já me dá a dica de qual é a pronúncia contemporânea."
Fora isto, tem sempre o recurso de perguntar a alguém, que pode ser inclusive no LV. Eu vivo perguntando a Leni as palavras do latim que me dão trabalho
As mensagens em PM ajudam nesta hora.
Quanto à sua questão de se é comum errar diversas vezes a mesma frase, lembro que a mente da gente lê antes que a língua e aí a língua tropeça, porque dá de cara com pronúncias que literalmente derrubam a gente, como por exemplo sequência de rrr, ou r e l dominante em várias palavras numa mesma frase. É por aí que se fazem os "trava-linguas"
Isto pra não falar nada de quando a gente lê o que não está escrito, simplesmente pelo hábito. Muda uma palavra de uma expressão conhecida na qual o autor do texto usou uma palavra menos conhecida e por aí afora.
Já tive ataques de riso, várias vezes, porque não conseguia pronunciar uma frase corretamente, nem mesmo depois da enésima tentativa. Neste caso eu paro, ponho a gravação do Audacity em pausa, dou uma volta, tomo um copo d'água, vou à janela, dou um tempo pra cabeça se reprogramar. E geralmente dá certo.
Tenho uma pequena coleção arquivada de situações deste tipo e de outros parecidos. Sempre valem pra curiosidade e lembranças, depois que o livro está pronto e alguém comenta
Fico à espera de suas correções. Mas corrija apenas os trechos citados. Se acaso decidir por algum motivo gravar um trecho maior, me comunique qual, para fazer o PL adequadamente, OK?
Obrigada.
Rachel